Viagem no tempo

03-10-2010 14:09

Um sonho que pode se tornar realidade... 

Viajar no tempo pode parecer, a princípio, uma história muito singular e até mesmo impossível, um sonho reservado apenas para as mentes ociosas e loucas, mas a história não é bem assim.

Não existe sonho mais fantástico do que viajar através do tempo, voltar ao passado ou avançar pelas décadas à frente. Muitas pessoas podem não levar a sério, mas viajar no tempo pode tornar-se possível algum dia, talvez em um futuro mediato.

Várias mentes brilhantes se ocuparam e se ocupam na tentativa de tornar esse sonho uma realidade. Desde Einstein, com sua Teoria da Relatividade, passando pelos cientistas da Física Quântica e chegando aos grandes físicos da atualidade, como Stephen Hawking, Kip Thorne, entre outros.

Para entender a viagem no tempo, torna-se necessário primeiro ter uma breve noção do que é o tempo. Uma tarefa difícil, uma vez que o tempo não pode ser visto nem tocado, mas pode ser sentido. Como?... Basta você analisar o efeito do tempo sobre si mesmo... Com o tempo ficamos mais velhos. A prova que estamos nos deslocando no tempo está por toda parte. Os compromissos do cotidiano e a luta pela sobrevivência nos tornaram escravos do tempo. Nossas vidas estão ditadas pelo tempo e a realidade é que vivemos em função dele. Dessa forma, pensamos que sabemos o que é o tempo, mas sua definição é um mistério que desafia os sábios pelos séculos afora. Quando pensamos em tempo, lembramos quase que imediatamente em relógio, presente, passado ou futuro; pensamos em alguma coisa linear.

A passagem das horas, dos dias e dos anos é uma preocupação que permeia a história das civilizações. O tempo, tal qual o concebemos, só existe para os seres humanos. É filho da nossa consciência. Os outros animais simplesmente vivem. Para eles não há ontem nem amanhã.

Obcecada com a idéia da morte, a humanidade sempre buscou uma explicação para esse fenômeno misterioso e inexorável que transforma instantaneamente tudo o que é presente em passado. Na Grécia antiga, os filósofos discutiam se o tempo era real ou imaginário. Para Platão (427-347 a.C), essa dimensão pertencia apenas ao mundo das sensações, portanto, não tinha existência material. Aristóteles (384-322 a.C) defendia a opinião oposta: o tempo faz parte do Universo e não pode ser separado dele. Para a maioria das civilizações antigas, o tempo era circular, sem começo nem fim. Os hindus explicavam sua existência pela dança da deusa Shiva, que criava e destruía o mundo periodicamente. Os babilônios e os maias também acreditavam em épocas sucessivas de criação e destruição.

O astrônomo Carl Sagan dizia que o tempo é “resistente a uma definição simples”. Talvez quem dera a primeira contribuição decisiva para explicar cientificamente o que é o tempo foi o alemão Albert Einstein, com sua Teoria da Relatividade Especial, que será explicado mais abaixo.

Retornado a história da viagem no tempo, hoje nós temos várias teorias que tentam explicá-la, as mais conhecidas são: Teoria da Relatividade, buracos de minhoca e cordas cósmicas. Vamos fazer aqui um breve relato sobre a Teoria da Relatividade e os buracos de minhoca, à luz das viagens no tempo.

1) Teoria da Relatividade

No início do século XX, o tempo era absoluto e passava de maneira igual tanto para você, aqui na Terra, quanto para um eventual extraterrestre, numa galáxia distante. Era assim que a Física pensava, de acordo com os princípios formulados pelo inglês Isaac Newton (1642-1727), o fundador da mecânica clássica. Para Newton, o tempo era uma grandeza independente de qualquer outra.

Em 1905, essa concepção veio abaixo. Um jovem físico alemão chamado Albert Einstein (1879-1955) expôs a sua Teoria Especial da Relatividade e revolucionou o mundo da Física, onde afirma que o único valor absoluto no Universo é a velocidade da luz, cerca de 300 000 km/s. Segundo Einstein, o tempo se dilata ou encolhe de acordo com a posição e a velocidade do observador. Quanto maior a velocidade de um corpo, mais lento o tempo passará. Se ele estiver à velocidade da luz, o tempo ficará infinitamente lento.

Em 1915, Einstein completou sua descoberta com a Teoria da Relatividade Geral, mostrando que a gravidade também pode alterar o percurso do tempo. Quanto maior a atração exercida por uma estrela ou um planeta, mais lenta fica a passagem do tempo. Em outras palavras: o fato de estar perto de uma grande concentração de matéria, como uma estrela, o tempo passa mais devagar. Porém, o efeito só é perceptível junto a estrelas de grandes dimensões. O tempo não é mais absoluto e sim relativo, pois depende da posição e da velocidade do observador. Para Einstein o tempo é a quarta dimensão e tempo e espaço são dimensões equivalentes. Dessa forma, tempo e espaço é uma coisa só, o que é chamado de continuum espaço-tempo. O continuum espaço-tempo compreende quatro dimensões: três para o espaço e uma para o tempo, onde todas dependem do seu referencial.

Descoberta realizada por Einstein e comprovada pela ciência, tornou-se possível, teoricamente, a viagem no tempo. O princípio é muito simples. Basta embarcar em uma nave que alcance uma velocidade bem próxima à da luz, de 300 000 km/s. Automaticamente, o tempo na nave vai começar a passar mais devagar do que na Terra. Se o relógio da nave, nessa velocidade, marcasse 12 horas, os da Terra marcariam aproximadamente 10 anos. Ou seja, em relação a quem ficou aqui, o viajante terá feito um salto no tempo de 10 anos para o futuro. Em outras palavras: de acordo com a Teoria da Relatividade o tempo é inversamente proporcional a velocidade, isto é, quanto maior for a velocidade, mais lentamente o tempo passará. Atingindo a velocidade da luz, o tempo iria parar. Dessa forma, se existisse uma nave que atingisse uma velocidade próxima à da luz, o tempo iria passar mais devagar.

Imagine que você tenha 20 anos e um irmão mais novo com 18 anos, por exemplo. Se você embarcasse nessa nave e o seu relógio marcasse uma duração de 12 horas, quando pousasse aqui na Terra teria se passado 10 anos. Você continuaria com 20 anos, apenas 12 horas mais velho. Entretanto, para o seu irmão mais novo que ficou na Terra, teria se passado 10 anos, portanto, ele estaria agora com 28 anos, ficando, assim, mais velho que você. Observe que essa viagem no tempo é uma espécie de “tempo perdido”, pois você deixaria de ter vivido tudo que aconteceu aqui durante estes dez anos. Será que valeria apena?...

2) Wormholes ou buracos de minhoca

Outra forma de se viajar no tempo é pelo wormhole ou buraco de minhoca.

O buraco de minhoca é uma espécie de túnel que teoricamente pode existir no Universo, como se fosse um atalho cósmico que ligaria dois pontos distintos no espaço. Eles podem surgir simplesmente onde a energia se acumula em excesso num único ponto do espaço.

Como vimos anteriormente, o Universo tem quatro dimensões, segundo a Teoria da Relatividade, o comprimento, a largura, a profundidade e o continuum espaço-tempo. O espaço, de acordo com a relatividade, é curvo, e não plano. É deformado pela presença de objetos com muita massa, como as estrelas e os planetas, cuja gravidade interfere na trajetória de qualquer corpo em movimento. Nem mesmo a luz viaja em linha reta pelo espaço, por isso, todas as trajetórias são curvas.

 

 Imagine o espaço como uma figura plana, uma folha de papel, por exemplo. Devido a grande concentração de energia que pode estar em algum ponto do espaço, começa a “brotar” então os buracos de minhoca, através das espumas quânticas. As espumas quânticas são regiões infinitamente pequenas do espaço, onde os buracos de minhoca proliferam. Ocorrendo então a dobradura do espaço (curvatura) forma-se o buraco de minhoca com cada uma das bocas localizadas em pontos distintos no hiperespaço, que é o espaço gerado entre a curvatura do espaço. Assim, o túnel (a garganta do buraco de minhoca) fica localizado nessa dimensão chamado de hiperespaço. 

 

 Para transformar o buraco de minhoca em uma máquina do tempo, seria preciso instalar em uma das bocas uma nave com velocidade próxima à da luz. Na Terra, onde ficou a outra boca, o tempo passará bem mais rápido do que na espaçonave. Pronto, está criado o túnel do tempo. Para viajar ao passado ou ao futuro, basta entrar por uma das bocas do buraco de minhoca e deslocar por entre elas. 

Embora os buracos de minhoca só existam na teoria, pois até hoje, ninguém de fato tem certeza de que eles são mesmos reais, não tira a credibilidade de sua possível existência. Estamos ainda muito distante de uma possível viagem no tempo, seja através dos buracos de minhoca, Teoria da Relatividade ou outra teoria qualquer, mas a verdade é que a ciência está se desenvolvendo num ritmo muito acelerado e outros mistérios poderão ser revelados e desvendados, tornando assim possível a viagem através dos tempos.

Abaixo um slide para você refletir.

 

Bibliografia de referência

Revista Scientif American. No 2. História. A Ciência no Renascimento. 2004.

Revista Superinteressante. Ano10. No 9. Setembro de 1996.

Revista Superinteressante – Coleções. A Física desvenda o universo. No 143. Agosto de 1999.

Revista Superinteressante – Coleções. Tempo, o eterno movimento. No 143. Agosto de 1999.

Revista Superinteressante. No 181. Outubro de 2002.

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